O FILME: Como já é de conhecimento geral, “Efeito Colateral” seria lançado no mercado americano por volta de setembro do ano passado, mas o fato de ter como pano de fundo o terrorismo, foi adiado indefinidamente pela Warner, chegando aos cinemas mundiais apenas neste ano. Mesmo utilizando-se de um tema atual, “Efeito Colateral” não fez o sucesso almejado, acrescentando à carreira de seu ator principal, Arnold Schwarzenegger, um novo fracasso de bilheteria.
O filme é uma legítima ode ao heroísmo do cidadão comum perante às adversidades que lhe são impostas.
Arnold interpreta um bombeiro que tem sua família aniquilada por um atentado terrorista, e parte para a vendeta, sem o auxílio do governo de seu país. O maior problema do longa é justamente o fato de colocar o terrorismo e seu mecanismo, o joguete político dos militares americanos e outros assuntos mais sérios e infinitamente mais interessantes, como o financiamento dos terroristas pelo tráfico de drogas, em segundo plano, dando atenção apenas à vingança pessoal do protagonista contra os autores do atentado, que, por sinal, é o legítimo “terrorista padrão” de filme americano. Ao invéz de possuir nacionalidade Árabe, é Colombiano.
Outro ponto contra o filme é o fato que o mesmo se leva a sério demais, mas chega a ser impossível conter o riso em algumas cenas, como na abertura do longa, com Arnold salvando uma velhinha de um incêndio (para deixar claro que ele é um herói no sentido estrito da palavra). Outro erro do roteiro é facilitar, de forma absurda, as coisas para seu personagem, como o “casual” encontro na prisão colombiana com um personagem que possui exatamente o que ele necessita para infiltrar-se na região onde encontram-se os terroristas. O desperdício de bons atores também é uma constante durante o filme, como o caso de John Turturro (o companheiro de cela de Arnold) e a participação mais ridícula de todas, John Leguizamo, que faz um traficante que morre em menos de 10 minutos em cena.
O desfecho também chega a ser ofensivo para o espectador, com uma explosão que vai contra todas as leis da física e ainda uma patética e desnecessária luta final, acredite, hilária. De bom apenas, a revelação da identidade do vilão principal, e só. Apesar dos envolvidos declararem que o filme não foi modificado devido ao atentado de 11 de setembro, fica claro que sofreu alterações, pois só para se ter uma idéia o ato terrorista inicial se dá com uma rapidez impressionante, abalando todo o aspecto emocional da história.
O roteiro deveria trazer mais cenas com Arnold e sua família, e a idéia de fazer um começo acelerado prejudicou demais o todo, além de tirar muito da seriedade do filme. Claro que em se tratando de um filme do mesmo diretor do ótimo “O Fugitivo”, há boas cenas de ação (como a do rio e a da briga entre as minas) e de suspense (como a da cobra e a já citada revelação final), mas isto é muito pouco se levarmos em conta que Arnold já realizou filmaços de ação como “True Lies” e “O Exterminador do Futuro”. Parece que o astro está com dificuldades em encontrar bons roteiros… Já é o terceiro projeto dele que fracassa, e seu próximo projeto está com pinta de tudo ou nada. Se “O Exterminador do Futuro 3” der certo, com certeza tudo vai se normalizar.
O DVD: A Warner está começando a olhar para os desejos dos consumidores e vêm legendando os extras de seus títulos, com exceção do discriminado comentário em áudio. Só falta a distribuidora adotar como modelo padrão de tela o widescreen para se firmar como uma das melhores do mercado (comentário de quem ainda não assimilou “Onze Homens e um Segredo” e “Harry Potter e a Pedra Filosofal” terem sido lançados em versão standard – tela cheia).
O menu do DVD é estático e musicado. Quanto ao filme, temos uma ótima qualidade de imagem e um som perfeito, principalmente nas cenas de ação. Dentre os extras, há um comentário em áudio com a participação do diretor Andrew Davis (não legendado), cenas adicionais legendadas (cerca de 8 minutos de duração) – algumas alternativas, incluindo duas cenas que particularmente considero boas e deveriam ter sido incluídas na
metragem original, uma na noite anterior ao ataque ao campo terrorista, explicando minuciosamente o plano dos militares e outra mostrando o resultado do ataque -, um razoável Making Of legendado (cerca de 15 minutos), com comentários de Arnold e do diretor, revelando também que o filme foi todo rodado no México, em regiões semelhantes à Colômbia. Pena que este especial não revela como foram realizadas algumas das mirabolantes cenas de ação, sobretudo a de Arnold enfrentando as correntezas de um violento rio.
Temos ainda um documentário legendado (cerca de 8min40), sobre o tema “Terrorismo” e a importância de um filme destes no atual momento histórico, com Arnold e o diretor Davis falando sobre o atentado de 11 de setembro e o heroísmo dos bombeiros. Complementando os extras, o sempre presente trailer de cinema (não legendado).
Um bom DVD, que está longe de ser excepcional, mas que só por possuir legendas em alguns de seus extras e vir em imagem widescreen já merece uma conferida, ainda mais por aqueles que apreciam este gênero de filme, com péssimos roteiros e interpretações, mas algumas bem realizadas cenas de ação.